segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Minha eterna gratidão: a estréia.

O fim de semana foi intenso e renovador.

Semanas atrás, ao saber que o lançamento no SESC havia sido adiado para o ano que vem, fiquei apreensivo, nervoso, frustrado, perdido. A banda vinha ensaiando há meses, e eu sabia que a energia que eu via crescendo nos ensaios não poderia se dissipar. Quando a minha empresária Fabiana Batistela acenou com a possibilidade de fazermos nossa estréia no palco do StudioSP, cruzei os dedos. Seria incrível! Aquele palco é minha casa há anos, tocando lá com a Miranda Kassin, com o Ludov, até mesmo com o Liga Leve. E dias antes do show, a querida Roberta Youssef, programadora da casa, confirmou que, por um milagre, a única data disponível para que conseguíssemos realizá-lo, era também a única data que havia sido cancelada de última hora por outro artista. Perfeito. A banda que fecharia a noite eram os amigos André Frateschi e sua Heroes. Mais que perfeito.

Na sexta-feira, mal consegui me alimentar direito. Só pensava na grande estréia. Que logo chegou.

O palco estava lindo, ornado com as bandeiras tibetanas que eu havia encomendado no Instituto Nyingma. Aproveito aqui para agradecer o empenho e o capricho do Fabox, técnico de som e cenografia. Com os olhares de tanta gente que me é querida me apoiando da platéia, subir ao palco foi fácil, foi natural.

E a partir daí, o mérito pelo que aconteceu lá em cima é dessa banda que escolhi, e que me acolheu. Stian Olsen, Jesus Sanchez, Rodrigo Brandão, Gustavo Garde, Henrique Villas Boas e Mariane Claro não poderiam ser mais diferentes uns dos outros, como músicos e como pessoas, mas formaram uma unidade segura cuja vibração se fez sentir em todos os presentes. Lá pela terceira música, me deu uma sensação incrível de que já éramos, os sete, uma banda. Já tínhamos uma cara, um corpo, e mais importante, uma alma.

O show transcorreu como num sonho, com o tempo se distorcendo com as emoções, e com as participações do Chuck e da Miranda coroando a noite.

Mas para eu explicar o que o seleto público de sexta passada representou pra mim, preciso contar antes o que veio depois, no domingo.

Minha mulher me levou para assistirmos "Viver sem tempos mortos", monólogo com Fernanda Montenegro, em sua última apresentação na cidade. O lindo teatro Raul Cortez lotado recebeu o texto incrível sobre a vida de Simone de Beauvoir com um ar de missa sagrada, ou de um discurso histórico. Mas ao final, nos agradecimentos, é que a maior atriz brasileira mostrou por que é quem é, por que movimenta a energia que movimenta. Após alguns minutos de ovação ininterrupta, com um gesto muito sutil de sua mão direita, Fernanda calou a platéia com delicadeza. Dedicou a peça à memória de seu finado companheiro Fernando Torres, que por 60 anos a acompanhou nos palcos e na vida. A sensação de 800 pessoas arrepiadas, em lágrimas ou em silêncio foi como um sopro gelado, interrompido em seguida por palmas ainda mais calorosas. Como um mestre samurai, a mulher deu dois passos para fora do foco de luz ao centro do palco, comunicando que aquelas palmas eram todas para o seu marido. E ao voltar, disse que "sem demagogia, o que torna possível uma grande peça é uma grande platéia". E arrematou: "a platéia é a família de um artista."

A platéia é a família de um artista. A platéia é a família de um artista.

Obrigado a todos que me apoiaram e me apoiam. Obrigado aos meus companheiros de Ludov. Obrigado especial à produtora executiva Iara Andrade.

Obrigado aos que formaram a platéia linda de sexta-feira, e aos que formarão minhas novas platéias. A platéia é a família de um artista.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Nossa estréia nos palcos!


DE GRAÇA, pontualmente às 22h!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Reta final e reapresentando a banda

Já estamos na reta final dos ensaios!

Estamos tocando Wilco e John Lennon, e eu estou preparando uma sessão de voz e violão pro meio do show.

O show de lançamento será em dezembro agora.
Semana passada encontrei uma solução linda pro cenário. Mas isso é surpresa.

Desde o longínquo último post aqui, a formação da banda mudou um pouco, e ficou assim:

• Stian Olsen é nosso batera, galã norueguês de muita vibe. Conheci tocando com meu camarada Edu Filomeno (ex-baixista do Ludov) em Barcelona. Fala e vive o Brazilian Way fluentemente já.

• Jesus Sanchez é nosso baixista. Um dos caras que eu mais admiro na nossa cena, toca com Los Pirata, Pelico e Abujamra. Quando o vi tocando pela 1a vez com uma Fender VI sabia que tinha que rolar um som junto um dia.

• Henrique Villas-Boas é nosso pianista e arranjador vocal. Integrante do excelente grupo vocal Fellas, trouxe seu abrangente conhecimento musical e inabalável vibe do bem pra banda.

• Rodrigo Brandão é nosso guitarrista carioca. Popstar com o Leela, já conquistou vários troféus-joinha de sujeito mais legal da cena independente mundial.

• Gustavo Garde é nosso violonista. Grande cantor e frontman do Seychelles, vai se aventurar pela primeira vez na carreira de instrumentista. Versado na arte da sensibilidade e notório comentarista esportivo.

• Mariane Claro é nossa vocalista. Seu timbre adoça as músicas e seu sorriso garante leveza a todos os ensaios. Toca a escaleta endiabradamente.

terça-feira, 29 de março de 2011

Capa e a banda

Aos 45 do segundo tempo, resolvi fazer uma mudancinha.

A fabricação do vinil já está preparada, e estou no processo burocrático de gerar ISRCs (aqueles numerinhos que vêm ao lado dos títulos das faixas de um disco - o processo supostamente garante a distribuição correta de direitos), checar o layout da capa, do encarte e do rótulo da bolacha.

A mudança é da capa. Vinha tentando uma direção que explorava o "Bom Retiro" de maneira espiritual, e estava fazendo desenhos de divindades inventadas. Mas conversando com a produtora executiva do disco Iara Andrade, expus minha incapacidade de "linkar" o conceito da capa com a idéia e o clima geral do disco. Fizemos um brainstorm e chegamos a uma idéia que me agradou mais.

A capa continuará sendo um desenho meu, mas mais voltado para um auto-retrato, assim como esse disco foi uma bela olhada pra dentro, um mergulho no que eu era ao começar essas composições (o curioso é que hoje estou num momento radicalmente distinto).

Nesse meio tempo, comecei a montar a banda que vai levar essas canções para o público conferir ao vivo. O time ainda não está completo, mas tenho sido rígido no critério de ser gente do bem, gente que me faz querer ser bom. Que os poucos escolhidos até agora também sejam ótimos músicos é só uma feliz e providencial coincidência. Essas músicas são meu peito escancarado num período da minha vida, e preciso de gente de confiança e sensibilidade para traduzi-las para a nossa eventual platéia.

Namastê.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Lançamento




As coisas têm um tempo.

Uma caneta repousada sobre a mesa não está inerte. Se pudéssemos enxergar pelos olhos do universo, e víssemos a sucessão dos instantes sem estarmos imersos nela, veríamos a mesma caneta se transformando, se movimentando através do tempo. E isso lhe daria vida.

Claro, estamos presos à dimensão do tempo. E nossa angústia é seu filho primogênito. O tempo é o que nos permite ter expectativas, e ambições. É o que nos permite projetar no futuro nossa felicidade. Isso nos faz seres melhores, porque nos dá esperança. Mas também destrói. Destrói nossas relações com amigos, distorce a beleza dos objetos, porque esquecemos que o tempo é só mais uma dimensão.

Meu disco tem seu tempo. Procurei entender isso. Fiquei quase um ano sem lançá-lo, porque pela primeira vez na minha carreira de músico resolvi ter paciência. Porque a paciência traz perseverança e beleza. Fui cobrado, tanto de maneira carinhosa quanto de maneira grosseira, por não tê-lo lançado. Vivemos nessa era terrível onde tudo é fulgaz, onde tudo tem prazo de validade curto, onde o lance é ser esperto pra não deixar "a oportunidade passar". Porque "ninguém está ficando mais novo".

Eu não quero ficar mais novo. Eu não ligo de perder o próximo trem porque logo atrás vem outro.

Meu disco me chamou na virada do ano e me disse: você está pronto para continuar.

Vivi tudo o que a vida me reservou em 2010, e tenho certeza que não deixei nada escapar. Que fui íntegro. Vivi com amor e no amor.

E agora estou aqui voltando a esse disco querido: Mauro Motoki - Bom Retiro. Estou desenhando a capa e a contracapa, e o grande Alex Senna está me ajudando com a tipografia. A Iara Andrade me ajudando na produção executiva: orçamentos, custos, viabilização de idéias.

Vou fazer vinis e pendrives. Também estou fazendo uns mimos especiais pra quem comprar comigo, da minha mão, nos futuros shows.

É meu melhor trabalho até hoje. É o mais próximo que cheguei à minha alma pela música. Já tenho planos para um segundo disco ainda esse ano.

Minha gratidão a você que acreditou em mim. Esse disco é pra você.